terça-feira, 28 de julho de 2015

Também sinto saudades

por Kywsy Santos


Devo mudar em breve. Este olhar saudoso esconde a sutil armadilha da inércia. Em cada retorno a um momento que já se foi, em cada inútil tentativa da ressurreição de um glorioso instante, morre em mim uma pequena e inestimável semente do agora. Tenho um coração povoado de saudades,  um  imenso campo de momentos que eu não vi nascer.
Deixo o passado entregue a quem já passou. Quero viver a vida sem medo, sem que a covardia de quem não se importa me faça parar.  Preciso mudar.





quarta-feira, 2 de julho de 2014

Ainda não sei.

por Kywsy Santos

Não era o tempo que pedia uma resposta, não era a vida, ou qualquer parte objetiva de um dos seus caminhos, era mesmo uma angústia sem jeito que chegava sem hora marcada mas, cujas marcas, de tão iguais e ritmadas, já careciam de um nome próprio que as revelasse - vida e intenção que eram - e que as pudesse definir como um único ser, se não criado, ao menos previsto naquele momento primeiro em que o amor pariu o mundo. Era, ou podia ser, presença: um "sem nome" profundo, preciso e denso que desafiava as engrenagens carcomidas do cérebro a procurar no meio do caos esquizofrênico das armaduras e das ruínas e dos infelizes muros destruídos e das memórias perdidas nas bibliotecas inundadas e de todo o medo soterrado sob um holocausto primorosamente criado, assim como os outros e mais outros escudos que se revelariam se assim fosse e que fariam tremer os fundamentos do solo frágil onde todas as construções aceitas dormiam profundamente sem jamais saber o destino e a fortuna morta de todas aquelas que se perderiam no esquecimento algoz. Agora se foi, penso que era algo com pretensões de alguém.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

De sol vendo...

por Kywsy Santos
















Está tudo igual, como era antes,
mas agora eu posso ver melhor.
Daí, que posso ser feliz.
Simples assim.

:)

terça-feira, 29 de abril de 2014

... quando os deuses passam.

por Kywsy Santos

Algumas estratégias são infelizes, outras são tão miseravelmente infelizes que produzem seu piores efeitos justo quando logram conquistar os seus meticulosos objetivos. Querer, traçar planos, estabelecer limites, ensaiar atuações, prever cenários e manter tudo sob controle, de modo que o destino, forçosamente, se adapte aos nossos desvairados rabiscos. Quem nunca?! Vai dessa cegueira estrutural que viver e ter que decidir caminhos que ninguém sabe onde vão dar, vai dessa loucura de sentir-se deus que os homens, vez que outra, encarnam e, paradoxo dos paradoxos, é justamente quando tudo dá certo, quando tudo sai do modo como foi planejado, que a gente é obrigado a encarar de perto a extensão da nossa pobreza. 

Quanta dor, quanto sofrimento envolvido, quanta injustiça sem reparação e quanta paz perdida que jamais poderá ser restaurada. A gente olha sem compreender. Os planos,  em retrospectiva, não fazem o menor sentido. Eu sinto pena desses pequenos deuses sem sapatos, profundamente inaptos a trilhar caminhos. Quanta pressa, meu Deus, quanta pressa... Queria aconchegá-los em meu colo, quem sabe ouviriam algumas histórias, quem sabe a gente poderia rir, juntos... Mas, eles não olham nos olhos, nem ouvem, planejaram passar e passam, inexoravelmente.


sexta-feira, 11 de abril de 2014

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Um passo...

Assustadora essa página em branco...
Acho que vou pintar de azul...
Pronto! Agora sim...
Bem melhor!

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Novos ventos

por Kywsy Santos



Sonhei.
Uma chuva fininha, suave, começava a cair. As pessoas corriam pra se abrigar, crianças eram levadas para dentro sob protestos. Eu não... Eu queria estar ali, do lado de fora, naquela luz, naquela chuva, naquele vento. E o vento só aumentava. E ficou tão forte que eu não conseguia mais manter os pés firmes no chão... E, enquanto meus olhos, sem vontade, procuravam por um lugar seguro, percebi que em meu coração explodia uma alegria nova: "Como seria estar no olho do furacão"?
Adoro sonhar.



quinta-feira, 14 de junho de 2012

quinta-feira, 10 de maio de 2012

O rítmo do velhinho

por Kywsy Santos
          Serra Grande - RR   (desconheço o autor da foto)

Era o segundo que sumia agora do fogo de conselho, era o segundo que esperava por nós. A longa fila que subiu a Serra Grande naquele inverno seguiu rumos diferentes e não sobrou um só que compartilhasse do mesmo destino. A fogueira apagou sob a chuva torrencial que varria a serra, mas o fogo, esse continua aceso em nossos corações embalado pela canção que promete: “...um dia, junto ao fogo, voltaremos a nos ver”. Sublime essa magia que une mentes e corações em uma mesma canção, sublime essa entrega, de corpo e alma, a um propósito que, ás vezes, só você compreende.

O tempo passa e confunde a memória, as coisas realmente importantes ficam guardadas, empoeiradas, à espera que a vida nos faça lembrar outra vez. E ela faz, é isso que ela faz melhor. Num instante não existe mais passado, presente ou futuro e tudo acontece ali mesmo, ao mesmo tempo, onde você está. Você está subindo a serra, se arrastando, desafiando todos os limites do seu corpo, o coração explodindo no peito, até que chega ao ponto de repouso, senta numa pedra e se curva pra pegar um pouco de água, bem a tempo de ouvir uma voz: “Fim do repouso... Todo mundo no ritmo do ‘velhinho’!!!” E recomeça a marcha... É assim que, ao comando do “velhinho”, muitos jovens (ou nem tão jovens, como eu) viveram alguns dos seus melhores momentos.

Quando o primeiro de nós se foi, eu não pude escrever, ainda não posso. Me dilacera a alma a ideia desse amigo tão querido partir tão jovem, com tantos planos... enfim, ainda não é fácil. Mas, agora é diferente, ainda que seja sofrido, ainda que a saudade me faça chorar de vez em quando. A gente se despede de uma vida que foi bem vivida, de alguém que tinha um corpo envelhecido e um coração de menino arteiro, de um ‘velhinho’ que queimou o pavio da vida até o fim... e foi quase tudo que queria ser... e viveu quase tudo que queria viver.

A última vez que o vi, no hospital, muito alegre, ele disse que ainda tinha um sonho: comprar um trailer e “fazer a América do Sul”, ir parando, acampando, conhecendo as pessoas, conversando... Esse sonho aí não deu pra ele realizar nessa vida, mas, quem sabe nas próximas. Ainda assim, me parece bom viver quando penso em todos os sonhos que esse 'velhinho' realizou pra si e para os outros... os outros, mesmo, sabe? Não necessariamente alguém da sua família. Ou, sei lá, ele apenas tivesse uma família um pouco maior... talvez, do tamanho do seu coração.

“...um dia, junto ao fogo, tornaremos a nos ver”(8)...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Te confio um segredo...

por Kywsy Santos

"Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". Prefiro trabalhar com a verdade, a mentira não é uma opção aceitável, existe ainda o silêncio, a distância, a privacidade e um sem fim de opções intermediárias, mas, a verdade tem lá as suas vantagens... Uma delas é a acessibilidade e a clareza: a verdade é fácil! É sempre a mesma, a primeira informação ao alcance do cérebro. "Foi assim, dessa forma, nesse momento e por esse motivo" - fácil, clara, objetiva e nunca muda, ou seja, perfeita! Quase perfeita...

Toda comunicação é uma  troca entre alguém que passa uma mensagem e alguém que recebe. Também existe o código, o formato da mensagem, que deve ser compreensível para todos os envolvidos. No que tange ao código, muitos acreditam que trata-se apenas da linguagem, do 'signo' utilizado, ou da compreensão do universo cultural dos envolvidos, mas, deixando a erudição acadêmica um pouco de lado, penso que a vivência pessoal de cada um, os seus valores (ou a completa falta deles) infuenciam diretamente o resultado de qualquer comunicação. O problema da verdade é "o outro". 

Eu explico: toda verdade é frágil e perfeitamente manipulável no confronto com o olhar do outro, porque o sentido e a intenção vão se revelar a partir desse universo e não daquele que lhe deu origem. E quando, inevitavelmente, ela é submetida a uma cadeia sucessiva de livres interpretações... que Deus tenha piedade de nossas boas intenções. A minha verdade pode assumir mil faces, assim como a tua e a de todos os outros. Cuida dela com carinho e não a confia a quem não pode compreendê-la. Somos frágeis...

“–  Eu, D. Assunta da Abadia, viúva triste, venho trazer, pela mão, conforme o prometido, o meu filho – Eusébio da Abadia”...        (Nelson Rodrigues).


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Aventura

por Kywsy Santos

Era mais fácil viver nos tempos que já se foram, haviam mundos a ser descobertos, batalhas a vencer, barreiras sociais intransponíveis que teríamos que derrubar, amores que valiam cada gota de sangue de nossas vidas miseráveis, enfim, havia paixão!!! A vida que se vivia mexia com cada corda desafinada das nossas entranhas. Era mais fácil viver...

Espero te ver.  A montanha, vista de perto, é tudo menos uma montanha.  O olhar minucioso é bom, mas também engana.  Existe a sombra e a luz, a Rosa dos Ventos, mas, a montanha é muito mais que a soma dos seus detalhes, que o mapeamento de todos os seus espaços.  Também existe a história e ela explica muita coisa, ainda assim, é apenas um recorte, um modo de olhar, não é a montanha, nunca será.  Todas as vezes que olho, todas as vezes que busco, sempre encontro algo novo... Então, porque a pressa? 

Ainda ontem, um gesto, apenas um toque, me engessou pra sempre na tua memória. Agora eu tenho um rótulo, um significado, estou presa às teias de tua memória como uma personagem classificada de um museu de insetos e, sempre que me olhar, vais saber que sou o número 108.349,  do livro  232,  volume 7,  da tua coleção de seres peçonhentos e, graças a esse modo peculiar de olhar, tudo que vier de mim: é veneno. Daqui de onde estou, posso me ver num vidro fechado, esquecido nos fundos de um laboratório, sobre uma prateleira velha, empoeirada e cheia de teias, saltando, agitando os braços e gritando quase sem voz:  Por favor, olha outra vez!!!


quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Palavras

de Kywsy Santos

Um dia sonhei que estava de pé à beira de um lago. Era uma visão de seca, típica do nordeste brasileiro. O chão, de barro rachado, se estendia até o infinito. Não havia água no lago, apenas um pouco de lama, uma lama espessa, da mesma cor vermelha do barro que se estendia por toda parte e, no centro do lago, dentro dessa lama, havia uma árvore morta, apenas um tronco oco de pé, e um tabuleiro - desses que se vê muito pelo nordeste, onde se vendem doces pra criançada. Eu me aproximava do tabuleiro que estava cheio de pequenos papeis brancos dobrados e jogava dentro dele um bilhete. Era um pedaço de papel amarelo dobrado em quatro. Depois, olhava em volta e percebia que a lama, todo o lago, estava coberta de cadáveres, uns sobre os outros, mergulhados no vermelho do barro. Rapidamente, avancei sobre o tabuleiro e resgatei o meu papel. Entendi que aquelas pessoas tinham sido vitimadas pelo que haviam escrito em seus bilhetes. Abri meu papel e li: 
"Estou morrendo de saudades".





.Foto de Bené França.
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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Debaixo da Mangueira


No livro "O mundo sutil do amor", de Deepak Chopra, tem uma passagem onde uma mulher sábia fala do amor para um discíplo. Ele a pergunta sobre a constância do amor em nossas vidas e ela lhe responde que, às vezes, é como olhar o céu ensolarado por baixo de uma árvore frondosa, por um momento pode parecer que é tudo sombra, mas, o movimento das folhas acaba deixando o sol passar e você tem a certeza de que ele vai estar sempre ali, mesmo que você não possa vê-lo.

Essa passagem é recorrente em meus dias, sempre que penso em você: ela me vem à mente, como um mantra e eu posso ver o sol brilhando por trás das folhas da mangueira que eu amava, na fazenda de meu pai. Eu volto a ser criança toda vez que ativo essa lembrança. Ontem a lua  brilhava entre as folhas da mangueira do vizinho...  foi bom... me fez sorrir. São coisas que não se planeja, não podem ser manipuladas, nem explicadas... Ainda assim, eu quero te perguntar: qual foi o teu mérito nisso? o que você fez conscientemente pra que isso acontecesse? Porque o meu único mérito foi estar  com o coração aberto e ter coragem para receber esse presente. Só isso.

Não é que eu não veja os teus defeitos, é que quando estou decepcionada, quando o sangue ferve e me põe de prontidão para o ataque, além de todas as mensagens de tolerância que recebo, dos livros, dos muros, das canções que passam por mim e das estrelas cadentes, além de todos os lugares onde decidiram pichar teu nome, existe um sussurro que me diz serenamente: "este é meu filho amado". E eu só consigo te alcançar quando a paz me alcança. E é só por isso que o Tepequém permanece adormecido. E é só por isso que eu só sei amar você.


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Quando nada é mais



Obrigada... Antes de mais nada eu preciso dizer: "Obrigada!" E explicar que não há nada de irônico nesse agradecimento urgente, desesperado e fora de contexto. Nenhum cinismo, nenhuma vontade de pensar o quanto tudo poderia ser... diferente. É só o tempo, passando muito rápido, as incertezas que se acumulam e passam sem respostas e a tua imagem... a tua presença... que não me sugere nenhum reencontro. A certeza de uma presença fugaz é a razão da minha pressa... a pressa... a presa... a caça... o risco... a história.... tudo que ficou de fora no recorte de nosso encontro, tudo que não faz falta se o encontro for possível. Que mundo é esse?! Mundo que existe a partir do nada, do zero, do esquecimento voluntário de todo o resto? Não sei. Sei de uma paz profunda... E uma sensação de que ninguém mais, além de mim, compreenderia. Eu te agradeço essa paz. 

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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Chão de Estrelas


 Nós éramos pequenos, ou nos sentíamos assim, aquela coisa de não ter que se preocupar com nada, ou quase nada. O mundo da fantasia era perfeitamente acessível e nós o vivíamos com intensidade e fervor. Acreditar é o resultado óbvio dessa vivência, dessa tradição de proteção da infância. Seu legado é uma certeza implícita de que tudo vai dar certo e de que o outro é essencialmente bom. Acho que a primeira infância é que conta, se você puder vivê-la bem, se sentir amado e protegido dentro dela, você vai ser uma dessas pessoas que acredita, que tem acesso à possibilidade de um bem maior, uma pessoa com uma bandeira de fé. Hoje, tempos de paz, tempo presente, instante agora. E agora, supondo que eu cresci, desejo que a bandeira dos nossos lençóis saciados inunde o mundo dessa certeza de bondade e paraíso.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Amantes

Um deles era reservado e estranho e costumava assumir o mal como bandeira,  como condição objetiva de humanidade. Mal que era bom, que era dele e de todos, negado e perseguido apenas por hipócritas e abastados.  Filosoficamente, limitara seu mundo a duas verdades absolutas: um discurso de realidade, a dele; e a um "estado de natureza" - conceito muito amplo que variava desde um apelo biológico, como o sexo, às ações coercitivas do Estado ou das supostas "leis internacionais". Considerava-se um soldado. Guerreiro de uma guerra absoluta cujo único objetivo consistia em subjulgar seus inimigos e reduzí-los a pó. Depois, mais inimigos: mocinhas provocantes, mulheres mal amadas, bichas, doentes mentais e burgueses - todos pecadores, todos culpados, condenados e, certamente, ao alcance da merecida punição. Parecia não compreender nada além do que justificasse suas ações infames, sua violencia incontida. Violencia que nunca se manifestava contra um adversário à sua altura, contra esses, apenas o discurso, a malandragem. Ainda assim, julgava-se uma vítima. Não acreditava no amor e era apenas no sexo que expressava todo o  seu potencial de ternura, suavidade e devoção. Não fazia amor, era um mestre na arte de dar prazer, um artista.

O outro,  era apenas diferente, mas, de alguma forma, profundamente igual...

Para ela não era uma questão de escolha, mas, de sobrevivência, e isso lhe dava coragem para encontrar dentro de si a lascívia, a covardia, o oportunismo, enfim, todo o arsenal necessário para subjulgar seus inimigos e reduzí-los a pó.

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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Enseada

por Kywsy Santos

Pode ser um engano fatal,
ou não...
Pode ser "outra vez", nada mais,
talvez...
Pode ser que eu me esqueça, que eu não apareça, que eu desapareça,
não sei...



Outra vez o cenário ideal, eu vi...
Outra vez as estrelas no céu, toquei...
Vi a sombra de um anjo, num breve momento, passou como um vento,
se foi...


Uma linha separa dois mundos
Uma linha divide dois tempos
Dois momentos distantes, num céu cintilante, que um passo modificará...


O que será?
O que será?
O que será?!
Como escolher?
Como saber?

Dá tua mão...
Nada é menor que encontrar-se tão só!
Deixa eu pensar que eu existo...
Que você é real neste instante...
Olha pra mim, fica assim...
Me concede esse quarto de segundo,
Depois nós voltamos pro mundo.


(Escrito em 23 de Maio de 2011).


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Solilóquio






"Respira... Solta o estômago... Relaxa o abdomem... Respira..."

"Vai passar, falta pouco"...

"Você não tem que fazer nada... Não fazer nada..."

"Espera, vai passar..."

"Olha para o teto... Levanta a cabeça! Os olhos, usa os olhos... Olhar para o alto..."

"Assim... Não se mexa... Falta pouco... Aguenta um pouco mais... Vai passar..."

"Respira... Solta o estômago... Relaxa o abdomem..."

"Respira, respira... Respira!!!"






sexta-feira, 8 de julho de 2011

Agora

por Kywsy Santos


"Te vi,
colhias margaridas em Mar del"...


A ternura existe, o amor, a capacidade de se doar. Existe alguém que pode caminhar efetivamente ao seu lado e, contrariando as estatísticas, "estar com", ainda que seja por um breve momento. Depois, perdão a todos os vieram depois, mas, a solidão é melhor quando a gente está sozinha.



Não quero sentir saudades, quero sentir verdade.






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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Presente de Deus

por Kywsy Santos

"... Terra! Terra! Por mais distante. O errante navegante. Quem jamais te esqueceria?..." (Caetano)

Quem...
            jamais...
                         te esqueceria....

Era o Katrina, e o universo girando sem rumo, girando e desfazendo todas as dores. Era manhã de sol na beira do mar, um vento suave, canções de calmaria e paz. Era loucura, incêndio, sangue e tensão. Era feroz e desavergonhado e era doce e delicado. Era um presente de Deus. Vontade que não se ousa imaginar, desejo que não se espera que um dia aconteça. Era a graça e a absolvição. O paraíso em dores de parto: Era lindo.

Depois, o vento se foi. Não era mais nada. Um deserto infinito que se estendia por léguas e léguas. A areia silenciosa e omissa. Nada. Ninguém. Nenhuma folha balançava no cenário destruído, nenhum sinal de vida, um vazio que descortinava toda a pequenez da realidade humana. Nenhuma palavra, respeito, atenção. Um véu de coisa nenhuma que desfazia os fios do tempo passado juntos. O contra-vácuo de onde nada emerge, mas se perde para sempre. O descarte utilitário do jogo.

Estava de pé sobre os escombros. A dinâmica da queda exige levantar-se. Nada que pudesse resgatar, levar consigo como um souvenir. No peito a lembrança fugidia do desejo, do gosto doce do Malibu, da estrela cadente. Uma única certeza: nada sobreviveria às areias do tempo. Tirou o cantil da cintura e o deixou amarrado nos destroços: Queria deixar-lhe um último presente. Partiu.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ser livre...

por Kywsy Santos

 Se toda a filosofia e a ciência 
 não houvessem começado muito mal,
 Se a "natureza humana" 
 ousasse transcender o princípio dual,
 Se eu pudesse ancorar, nessa enseada,
  entre o bem e o mal...


 Talvez não visse que a mensagem dúbia 
 de aprisionamento
 Serve a dois mestres vis, 
não serve ao pensamento.
 "Liberdade, pra devorar tua alma...
 ...com o teu consentimento".


segunda-feira, 6 de junho de 2011

Um toque...


 Se, hoje, houvesse uma oportunidade, um momento   de  lucidez e  coragem que desfizesse essa névoa,  eu   chegaria bem perto e te diria ternamente: 
Eu acredito.


quinta-feira, 19 de maio de 2011

Ação !!!

por Kywsy Santos  



Olhos, mãos, perfume, sorriso, vontade

apreço, simpatia, admiração

boca, desejo, intenção

mistério, contradição

espaço, tempo

amor, sexo...

Por que não?




quarta-feira, 4 de maio de 2011

Entre Cortinas e Muros

por Kywsy Santos





































Era noite no infinito azul do céu, era noite em toda parte.
Teus olhos talvez nunca vejam, mas estava exatamente aqui...
Operários construíram um espaço pelo avesso,
um lugar de não ser, de não ver, de não sentir.
Muro, espaço sem encontro que aprisiona do lado de fora,
escudo cego a gerar braços destituídos de abraços.
Sempre que o muro cai, o mundo comemora aliviado...
Depois, semeia lentamente a intolerância,
até o tempo de colher muralhas.


terça-feira, 29 de março de 2011

Os Jardins da UFRR

Março de 2011.
Os jardins da universidade estão explodindo em cor. É impossível ignorar tanto brilho, tanta luz e o colorido intenso das flores. Estamos no inverno, mas, do ponto de vista dos jardins, parece que estamos em plena primavera. A gente chega e é inundado de alegria, assiste às aulas (as boas e as chatas), sai e é novamente inundado de alegria. Alguma coisa mudou nesse semestre, estamos todos com cara de férias. E não é porque não tenhamos problemas: Estamos sem alguns professores; as ementas das disciplinas, como sempre, são formuladas como se fossemos estudar uma única matéria; e, novamente, tivemos que dividir a grade entre a manhã e a noite. Tudo está especialmente confuso este semestre, menos os jardins.
Os jardins estão explodindo em cor.


sábado, 19 de março de 2011

Vamos Ver: Chamei Minha Tribo

de Pablo Neruda


"Vamos ver! Chamei minha tribo e disse: vamos ver
quem somos, que fazemos, que pensamos.
O mais pálido deles, de nós,
me respondeu com outros olhos,
com outra sem-razão, com sua bandeira.
Esse era o pavilhão do inimigo.
Aquele homem, talvez, tivesse o direito
a matar minha verdade, assim como aconteceu
comigo e com meu pai, e ainda assim acontece.
Mas sofri como se me mordessem".

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sexta-feira, 18 de março de 2011

Adeus...


por Kywsy Santos
















Miséria, miséria, por toda parte...
A vida é mais forte que o ‘estado da arte’.
Palavras não vão explicar a crueza,
A dor, a maldade, a vil natureza...

Se eu choro ou não choro, o dia amanhece
Prefiro calar e fazer uma prece
O que a alma suporta,
O coração não esquece.

“Dormir, talvez sonhar”...

– Ah, Deus!
(Que Deus te ilumine...)
– Há Deus!
(Que Deus te acompanhe...)
– Adeus!
(Que Deus te ilumine...)
– Adeus!
(Que Deus te acompanhe...)
Nunca foi tão bom dizer adeus.




Agora não dá pra fingir que não viu
E fica tão clara a verdade:
Mentira, mentira, por toda parte...
Entregue...



 ... a Deus!
(Que Deus te ilumine...)
– Há Deus!
(Que Deus te acompanhe...)
– Adeus!
(Que Deus te ilumine...)
– Adeus!
(Que Deus te acompanhe...)
Nunca foi tão bom dizer adeus. 

"Apaga-te, apaga-te pequena chama"...

– Ah, Deus!
(Que Deus te ilumine...)
– Há Deus!
(Que Deus te acompanhe...)
– Adeus!
(Que Deus te ilumine...)
– Adeus!
(Que Deus te acompanhe...)
Nunca foi tão bom dizer...
... adeus.


quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Um Espelho para Elisa

por Kywsy Santos



Você não devia ser tão exigente
tentando escrever uma história
que já foi escrita
E que é infinitamente mais bonita


Você procura a chave do enígma
só porque está do lado de fora
e não consegue ver
presa que está, dentro de você


Você só precisa de um espelho
pra ver o rosto do outro sorrir
ou chorar junto com você
É tudo que há pra entender.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Um Abraço

Olhe um pouco para fora de você. Não importa o tamanho da sua dor, você nunca está sozinho. Quero dizer que muitos à sua volta possuem no coração uma dor maior e mais profunda que a sua, quero dizer também que todos, indistintamente, carregam a sua própria cruz. O mundo ocidental nos ensina a negar a dor, o sofrimento, porque o "vencedor" é uma figura mítica de pessoa que alcançou a felicidade plena. O que sofre é o "miserável", o "infeliz", o "fracassado". Uma falácia filosófica que, somada a outras, serve a um propósito claro: submeter consciências, justificar o sistema, transformar pessoas em peças de uma engrenagem maior. É daí que o profissionalismo, a fama e a riqueza emergem mascarados de virtude. Os valores entram em xeque quando a meta é ser um "vencedor", quando o desejo é estar acima do bem e do mal. Essa tendência a ser um ser unicamente feliz, unicamente próspero, belo, desejável, indispensável não reconhece classe social, idade ou nacionalidade, é transglobalizada e afeta interna e externamente as pessoas. É por isso que é preciso olhar pra fora, reconhecer a existência do outro, ousar encarar a dor de frente e ver o que acontece. Querer o seu bem, mas, querer também o bem do outro. Saber da sua dor, mas, saber também da dor do outro. Estar pronto pra consolar e pra ser consolado. A solidão nos nossos dias é esmagadora, uma doença da atualidade que pode ser tratada com um abraço, uma boa (e cada vez mais rara) conversa, um e-mail... Mas, quem, dentre aqueles que buscam a felicidade infinita, estará habilitado a oferecer esse tipo de cura? Quem??? Eu posso apostar que existe uma fonte infinita de pessoas dispostas a esse tipo de encontro bem perto de você, uma legião de pessoas que precisam muito de atenção e que também estão dispostos a compartilhar... Os excluídos do sistema: aqueles que não produzem mais, os que não podem produzir tão bem, os que servem, aqueles que não podem comprar... Quer alguém mais próximo de você? Um velho. Uma pessoa idosa de sua própria família que, além de ser excluído pelo sistema, também foi excluído pela pressa e pela ocupação infinita que faz parte do pacote de "profissionalização" de seus descendentes. Desejar desesperadamente, ser abraçado... Com sorte, saber que ainda pode ajudar alguém, sentir-se útil... Faça um esforço: Olhe um pouco pra fora de você.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Tão Perto de Mim Distante...

Rever, reconhecer, tomar consciencia do novo sem perder o contato com as marcas de tudo que nos é familiar. Encontrar um velho conhecido, um bom amigo, num momento novo, num cenário surpreendente , com uma bagagem nova, desconhecida por nós. Saber-se diferente e ver no olhar do outro a busca, irmã da nossa, de reconhecer velhos caminhos.

Despedir-se, sentindo que o tempo será sempre pequeno e insufieciente para esse encontro, que ficou um universo inteiro carente de interação, desejoso de ser descoberto, em ambos os lados, e que conversa nenhuma nesse mundo vai dar conta de tanta ausência.

Agradecer o instante mágico do encontro, a energia, o desejo, a luz...

Agradecer o universo que protege e te aconchega em seu colo, que supre tuas necessidades, que te desafia e estimula tua curiosidade, o teu desejo de viver. Agradecer a cada gota de chuva que toca sua pele, a cada ventania que assanha os seus cabelos, a cada noite romântica de luar que ocupa e aquece o vazio dessa distância e que nos dá o consolo de saber que o outro existe.

...e que o mundo é perfeito.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A Palavra Desnecessária

Proponho um desafio: Passar exatos 30 dias sem pronunciar a palavra "não". Uma obstrução importante: procurar ser o menos repetitiva possível, encontrar formas criativas de se expressar que deixem bem clara a nossa intenção. Soube, ontem, de uma nação cujo idioma nega a existência dessa palavra e que, além disso, livrou seu povo dos sinônimos e dos antônimos. A coisa legal de pensar esta nação é imaginar um povo que, ao invés de negar, se propõe a pensar a respeito e a buscar uma alternativa viável para cada proposição. Parece menos autoritário, menos preguiçoso e menos duro. E, sem os sinônimos e os antônimos, pode-se pensar que diminuiram muito as comparações e, talvez, a competitividade. Me pergunto que tipo de efeito a ausência dessas palavras pode ter causado a este povo...

Agora tenho que ir, ando meio só, mas a outra metade dessa solidão vai conviver comigo por trinta dias de intensa criatividade.

A viagem vai me fazer muito bem... 

Eu vou conseguir, sim!

Se eles podem...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Dor mir ... "Talvez sonhar"...

por 
Kywsy Santos

Toda dor é ilusão...
...e o resto todo também.

Ontem, enquanto todos dormiam,
nós bricávamos com as palavras:


Sonhar é tirar do faz-de-conta um
antídoto pra essa dor de "realidade";
Sorrir é brincar de pega com a dor
e nuuuuuuunca ser pego;
Amar é chegar junto da dor, bem perto,
até poder arrancá-la do peito do outro;

E dor...
não faço idéia do que vem a ser,
acho que depende de quem sente,
acho que depende de quem vê...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Feliz Aniversário !!!

Que dia!!! 
Ontem, 02 de agosto, foi o meu aniversário. 
Um dia surpreendente para mim. 
Logo cedo recebi um bolinho gostoso para o café da manhã, minhã mãe veio à pé de sua casa à minha só pra me fazer este agrado; Meu pai me deu uma pequena reforma nos quartos da casa e me convidou para almoçar; Minha filha passou o dia me paparicando, ignorando minha chatice, e cuidando de mim; Minhas irmãs, todas, lembraram de mim e fizeram questão de demonstrar isso; Meus irmãos... bom, alguns devem ter sido lembrados, mesmo assim, valeu; Meus sobrinhos e amigos me emocionaram com as mensagens no Orkut; ainda teve aqueles que não lembraram, mas sorriram pra mim, brincaram comigo, me deram um segundo de sua atenção; E, à noite, oficina de teatro. Foi bom demais...
Hoje eu quero borrar a tela do blog de alegria:
Aceita mundo, eu posso ser feliz!!!
Kywsy Santos   
(42 aninhos !!!)

terça-feira, 20 de julho de 2010

In Compatibilidades

Em "Cidade dos Anjos", o filme, existe uma cena onde a médica e o anjo escolhem frutas. A um anjo  não é permitido sentir o sabor dos alimentos ou o prazer, então ele pede a ela que descreva como é saborear uma pêra. 

É uma sacada maravilhosa do filme, é praticamente impossível para quem assiste ficar do lado de fora da tela nesse instante: Ela explicando, ainda que não tenha entendido direito o sentido da pergunta, e ele buscado desesperadamente entender o que ela diz. 

É um momento que silencia todo o universo: quando duas pessoas de mundos tão absolutamente diferentes, com razões e propósitos perfeitamente dissociados se abrem à possibilidade do entendimento...

Pra momentos como esse, sempre haverá memória. 

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Ainda é cedo...

(Kywsy Santos)

Esse é o problema dos amigos imaginados,
são perfeitos, honestos, confiáveis,
pelo menos bem intencionados...

Imaginar um amigo implica esperar sempre
que ele dê o seu melhor, e que ele espere e
também confie que é exatamente isso que
a gente está fazendo...

Não dá pra imaginar um amigo que espera de
você propostas medíocres, delírios insanos,
pobreza, vilania...

Não dá pra imaginar um amigo que não cuida,
que não respeita e tão pouco se importa com
a nossa individualidade...

Alguém que transforma uma vivência única em
podridão e dor, e um amigo em algoz, está
longe de ser chamado de amigo...

é uma vítima profissional.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Deserto

por Kywsy Santos
Caminho por uma trilha estreita no meio da mata. Choveu recentemente e, à medida que desço, um fio de água acompanha meus passos. O passo é cadenciado ao rítmo da respiração. O passo, as pedras, a folhagem espessa, tudo se mistura e se transforma à medida que avanço. Existe uma certa pressa, preciso estar lá antes que a próxima onda me alcance. Existe um cheiro de vida no ar, um verde indecentemente despido, um brilho em cada folha orvalhada... como o suor que me escorre... Não posso divagar, preciso estar lá antes que... Me apoio em um cajado improvisado, o peso que levo nas costas me ajuda a descer mais rápido, às vezes rápido demais. Um grupo de macacos me observa do alto, depois se vão, alguns pássaros e lagartos também, não é comum tanta pressa rasgando essa vegetação adormecida. As folhas debruçam-se sobre o meu corpo como a pedir que reconsidere, tocam minha face, sussurram, vejo uma pequena orquídea... A decisão já foi tomada - prossigo. Não sei se choro, não, não é necessário. O coração disparado já se expressa claramente em meus olhos, na minha boca ofegante, na respiração, no suor... Estaria suando, ou fora a chuva, a mata, as folhas, o cheiro de vida? Apresso o passo, um pássaro cantou ao longe, as aves estão voltando para o ninho, entardece rápido. Preciso correr, na mata fechada a noite desaba sobre nós sem avisar. Preciso chegar... aumento o rítmos dos meus passos, as pernas fraquejam, "tombo como uma árvore", levanto, ajusto o corpo - prossigo. Só preciso atravessar a linha, chegar do outro lado, e... Falta pouco, eu sinto a sua presença agora muito mais próxima... O fio de água me deixou há algum tempo, a mata ficou pra trás com seus animais, suas folhas e cada pequena flor a ser descoberta... Agora corro. Mais rápido, mais rápido... a vida não devia oferecer um sonho que não se pode alcançar... Corro mais. Está perto, quase posso tocá-lo... A linha ficou pra trás, a onda nunca mais me alcança. Olho ao redor, nada. Nenhuma respiração além da minha. O vazio se estende por toda parte, por todos os tempos. Não há mais nada, não há sequer memória do que ficou pra trás. Prossigo.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O que você não disse...

por Kywsy Santos
Dei pra observar silêncios, vazios, vácuos e ausências...
Faz tempo que presença de coisa nenhuma tem me ditado longos monólogos, cheios de significância. De tudo que foi dito, traço apenas um mapa de linhas e contornos indecisos, que há de ser preenchido e decodificado a partir de tudo o que falta: o olhar, o sentimento, o porquê... o momento, o contexto, a intenção... a forma. O que não foi dito, o que era proibido dizer... o objetivo final. O que não foi levado em conta... o que não foi considerado... o que não era importante... o outro. Decodificar intenções e sentidos vaporosos deixou de ser um jogo inocente, divertido, para se transformar num exercício compulsivo que já não diverte e, vez que outra, me apavora. Todas as intenções deveriam ser faladas, explicadas, nuas, do jeito que vieram ao mundo, para que o silêncio não lhes impuzesse uma máscara horrenda, irreversível... É esse silêncio que me assombra agora, que sugere mentiras e "intenções que tu jamais lhes deste"... E se, por um lado me parece claro e até mesmo óbvio o seu discurso, por outro, me resta um sussurro distante, uma lembrança, uma fotografia desbotada pelo tempo, que sugere em estertores: Confia!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Nossa Verdade

Kywsy Santos

Trabalho, 90% de suor, 10% de inspiração... Tempos Modernos. A crítica ao modo de vida capitalista, no entanto, não embota o valor da dedicação disciplinada a um ideal. Não há dúvidas de que a prática aperfeiçoa. Ela não é um pré-requesito para a genialidade, mas não se pode negar a potência que confere aos gênios que a adotaram. Tenho convivido com um geniozinho que insiste em questionar meu método inspirado, irregular e indisciplinado, quase esotérico, de produção cultural. Tenho que reconhecer que existe um pouco de verdade no argumento infeliz da repetição mecânica, ritmada e objetiva de um processo: a verdade dos Xamãs. Uma verdade que também se apóia em ritos e repetições, verdade universalista, de quem olha além do que se pode ver. Eureka! Acho que encontrei a chave que une nos dois processos criativos. Aí, geniozinho, a magia há de invadir o centro de pesquisa...
Êia, êia, êia, hê... Êia, êia, êia, hê... Êia, êia, êia, hê!...

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Promessa de Anjo





















por Kywsy Santos

Hoje recebi uma notícia feliz / Falava de um amigo que mora distante / desses amigos que estão perto / onde quer que estejam // O Tempo te trouxe de volta numa moldura belíssima // O que se espera de um anjo é que esteja bem e seja muito feliz / e a minha vida floresce e frutifica a partir dessa moldura // Tua conquista me inspira / ser feliz é possível/ provável/ necessário/ obrigatório // Agora / mais que nunca / estou no caminho e / em breve / se Deus quizer / te mando uma notícia feliz// Obrigada por ser feliz!!!

sábado, 15 de maio de 2010

Adoração

por Kywsy Santos

Ganhei um dia, um dia de significância duvidosa, que me permite prevê uma série de acontecimentos, ou relacioná-los com uma temática predeterminada, iconográfica e rica, embora nem sempre alcance o significado de sua composição ou a relevância de sua proposta e, menos ainda, o emaranhado de ações e escolhas que possam ter lhes dado origem ou direção.

Esse brinquedo que teimo em decodificar oscila entre um inocente quebra-cabeças e um enigma ameaçador que precisa ser desvendado. E, por algum motivo obscuro, apavora-me a idéia de não possuir a chave. Busco caminhos, e desconfio deles. A vida é frágil, a sanidade é fugaz, e o conhecimento pode ter um modo grotesco de se revelar que põe em risco ambas as propostas.

Busco a suavidade necessária, a delicadeza de que me despi quando fui tocada pela dor: A delicadeza da fé. Ontem vi um pássaro no chão, com as asas abertas e o rosto voltado para o céu, os raios de sol complementavam aquele quadro de sublime adoração... Por outro lado, uma cena assim tão rara me sugeriu uma outra explicação: "Ele pode estar sentindo dor"...