por Kywsy Santos
Era mais fácil viver nos tempos que já se foram, haviam mundos a ser descobertos, batalhas a vencer, barreiras sociais intransponíveis que teríamos que derrubar, amores que valiam cada gota de sangue de nossas vidas miseráveis, enfim, havia paixão!!! A vida que se vivia mexia com cada corda desafinada das nossas entranhas. Era mais fácil viver...
Espero te ver. A montanha, vista de perto, é tudo menos uma montanha. O olhar minucioso é bom, mas também engana. Existe a sombra e a luz, a Rosa dos Ventos, mas, a montanha é muito mais que a soma dos seus detalhes, que o mapeamento de todos os seus espaços. Também existe a história e ela explica muita coisa, ainda assim, é apenas um recorte, um modo de olhar, não é a montanha, nunca será. Todas as vezes que olho, todas as vezes que busco, sempre encontro algo novo... Então, porque a pressa?
Ainda ontem, um gesto, apenas um toque, me engessou pra sempre na tua memória. Agora eu tenho um rótulo, um significado, estou presa às teias de tua memória como uma personagem classificada de um museu de insetos e, sempre que me olhar, vais saber que sou o número 108.349, do livro 232, volume 7, da tua coleção de seres peçonhentos e, graças a esse modo peculiar de olhar, tudo que vier de mim: é veneno. Daqui de onde estou, posso me ver num vidro fechado, esquecido nos fundos de um laboratório, sobre uma prateleira velha, empoeirada e cheia de teias, saltando, agitando os braços e gritando quase sem voz: – Por favor, olha outra vez!!!